A Ditadura da Indústria Farmacêutica

           Nunca entendi muito bem a questão do tratamento dispensado pela indústria farmacêutica, dos hospitais particulares, de pessoas detentoras de grandes conhecimentos na área médica e científica, a questão de considerar em primeiro lugar, não o bem comum, o tratamento, a saúde e recuperação das pessoas, mas sim, sempre a velha cantilena de obtenção de lucros escorchantes em cima de grandes mazelas e doenças.

         Venho acompanhando em toda a minha vida e até a presente data não obtive uma explicação ou uma justificativa plausível e convincente para que, mesmo diante da existência de princípios ativos medicamentosos, tratamentos adequados, mesmo assim pessoas morrem, perdem a vida, quando muito, ficam vegetando por um longo e tortuoso tempo, para depois virem a perder a vida da mesma forma, depois de o enfrentamento de um tortuoso sofrimento.

         A indústria farmacêutica por lidar com produtos químicos com poder de cura, ou em determinados casos, tratar de uma doença por um determinado tempo ou até provocar outras doenças, porque é dessa forma que acontece nesse mundo, porém o que a gente vê na área farmacológica é pura e simplesmente o ganho de capital e mais capital. Para esse pessoal só interessa mesmo comercializar os seus produtos venenosos e sempre aumentarem as sus finanças nessa dança escancarada e vergonhosa do capital pelo capital, porque nesse setor, curar a vida de alguém, pelo visto não importa muito, mas sim, manter o doente vivo e usando os princípios ativos medicamentosos no mercado, para poder girar sempre finanças e essa indústria obtendo lucros estratosféricos. Nunca se viu ninguém dessa seara de negócios vir a quebrar, a não ser quando é tragado vorazmente por outro segmento do mesmo negócio mais forte e poderoso.

         O pior de tudo nesse setor industrial, é a questão monopolista prevalente, em que se um determinado laboratório tem algum medicamento que serve para combater uma determinada doença, de forma alguma ele passa a fórmula daquele princípio ativo para outro laboratório, porque o que interessa mesmo é ganhar o quanto puder e a saúde da população, que deveria ser colocada em primeiro lugar, não é dessa forma que funciona, porque o lucro, o dinheiro sempre fala mais alto e por isso mesmo, é que muitas vidas são dizimadas sem a menor assistência, em face de que, nem todas as pessoas tem o devido acesso à saúde e, quando a tem, no sistema de saúde pública, o remédio não chega no devido tempo e a morte é o lugar certeiro de muitas pessoas.

         Não era para ser desse jeito. O SUS foi criado em que do ponto de vista teórico, no papel, se colocado em prática, funcionaria maravilhosamente salvando e curando muita gente, salvando várias vidas, porém como o capital sempre tem voz ativa mais alta, o sistema não funciona, o capital prevalece sobre o que de mais importante existe para o ser humano que é a vida, e assim mortalidades coletivas acontecem vergonhosamente e vidas de muitas pessoas carentes são tiradas indecentemente. É neste mundo crudelíssimo em que realisticamente a gente vive.

         A questão deveria ser da seguinte forma: se os políticos tivessem vergonha na cara, sejam de quais naipes políticos viessem a ser, intervirem na indústria farmacêutica, nos hospitais particulares para obrigá-los a produzir princípios  ativos medicamentosos e essenciais a preços que a população pobre pudesse ter acesso, porque a bem da verdade, o que está em jogo não é dinheiro, capital ou riqueza, mas a vida de seres humanos que estão acima de quaisquer coisas existentes neste mundo.

         O pior de tudo isso, é o fato de que, essa indústria se aproveita mesmo quando existe uma nova doença, a exemplo da atual pandemia do coronavírus, em que bastou o atual “presidente” brasileiro bradar ninguém sabe a interesse de quem, que o combate desse vírus estava no princípio ativo da cloroquina, que nas prateleiras das farmácias não mais existe esse medicamento e se existir, o preço que era cômodo, subiu a mil por cento ou mais, o que é um tremendo absurdo. Quer dizer, muita gente se aproveita de uma situação, antes mesmo de ajudar, porque na verdade, todos querem mesmo é ver o circo pegar fogo e a humanidade que se acabe sem dó nem piedade!

         Como cidadão comum, só me resta protestar, escrever, denunciar toda essa vergonha que existe no mundo, em que o status quo vigente, sejam quais forem as circunstâncias, no relacionamento humano e social, nunca vai mudar e o que sempre vai prevalecer mesmo é capital acima de tudo e de todos.

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Manoel Modesto

Advogado, escritor, poeta e presidente da ABLA (Academia Buiquense de Letras e de Artes)

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