Será que Só Tirar Direitos se Resolve?

Essa cantilena de altos encargos trabalhistas e de uma carga elevada de tributos no Brasil é coisa antiga. Desde que passei a me entender de gente que ouço essa mesma velha cantiga. A culpa e responsabilização por não se somarem mais lucros para a classe empresarial e rica, é justamente essas questões: tributos e encargos sociais.

Até que concordo em parte para a base social ou para o pequeno e microempreendedor pagar essa mesma carga tributária e idêntica carga de impostos que só cabem mesmo nos lucros incessantes dos grandes empresários que podem perfeitamente suportar uma carga tributária e encargos sociais ainda mais altos, porém a culpa não é de quem está no ápice da pirâmide social, mas sim, de que está na base, a pobreza et caterva.

Nessas discussões distorcem toda argumentação em prejuízo justamente da classe trabalhadora e dos pequenos que jamais terão suporte financeiro suficiente para concorrer com quem é grande. À bem da verdade, como diz o velho ditado, quem pode o mais, pode o menos. Por exemplo, se um grande empreendimento está sofrendo concorrência no mesmo nicho de exploração desenvolvido por ele, qual é a atitude? – Eliminar o menor ou adquirir para tirá-lo da concorrência, fazendo com que o pequeno não venha a desenvolver e o grande continue sozinho no mercado sem concorrência e impondo o preço que bem quiser e entender. É assim que acontece nesse mercado capitalista flutuante, ou não é desse jeito?

Agora é muito cômodo se culpar a CLT de 1940, que infirmou uma gama de direitos trabalhistas para a classe trabalhadora e por isso mesmo o grande capital junto com políticos que se elegeram e representam esse mesmo capitalismo, colocar a culpa pelo desemprego, o não crescimento econômico, justamente na base da pirâmide, na pobreza, como bem fez questão de frisar o atual ministro da economia em Davos, que fica num local privilegiado da Suiça e anualmente ocorre uma reunião dos ricos, para impor as suas políticas danosas para os pobres do Planeta, esta é a realidade.

O Brasil como participante pardo dessa reunião, com a maior desfaçatez, através de seu ministro, porque o presidente não tem a menor condição de representar o país, colocou ideias e justificativas absurdas perante essa reunião, inclusive a de culpar os pobres pela deterioração do meio ambiente, o que é uma ideia extremamente absurda, além de não ser verdadeira, porque quem mais tem depredado a natureza são justamente os ricos e os seus grandiosos empreendimentos, como se tem demonstrado através de várias catástrofes que vem ocorrendo no Brasil, sendo uma última delas, o desastre das barragens de Brumadinho que ceifou a vida de milhares de pessoas, deixou outra parte na rua da amargura e o meio ambiente completamente destruído. Isso sim, é que é destruir o meio ambiente, o que não acontece com quem é pobre.

Seguindo o trilhar dessa cantilena em sempre culpar a pobre ou o pau mais fraco, fizeram a mudança da previdência social para prejudicar justamente o trabalho, o aposentado e vem o ministro agora com mais uma pérola, ao dizer que o desemprego é questão de uma grande carga de encargos sociais pagos pelo empresariado e que mais direitos serão tirados dos trabalhadores. Pura balela!

Essa lenga-lenga a gente já vem ouvindo há muitos anos e na visão capitalista de mundo, a pobreza era para ser escrava nos moldes do Brasil colônia, porque só assim viria a satisfazer por completo o ego e os desejos da classe empresarial e rica deste país. É esse na verdade o pensamento econômico desse pessoal que está no poder: tirar ainda mais de quem já vive em grandes dificuldades, escravizar ainda mais o povo e implantar de vez um regime nazifascista em que ninguém pode dizer absolutamente nada e todos devem ser realmente gado no corredor da morte, esta é a verdade nua e crua.

Se já tiraram tantos direitos e nada se resolveu, o emprego não veio com a reforma trabalhista, da mesma forma com a previdência social e aí há de se indagar: tirando encargos sociais, privatizando as riquezas brasileiras isso vai acontecer de verdade, ou como sempre acontece, os ricos vão ficando ainda mais ricos e os pobres cada vez mais pobres? – Pensem aí e reflitam!

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Manoel Modesto

Advogado, escritor, poeta e presidente da ABLA (Academia Buiquense de Letras e de Artes)

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