O Advogado e o Engenheiro

Na verdade, nada tem a ver o profissional da advocacia e quem se gradua em engenharia, por se tratar de ciências que tratam de problemas científicos diametralmente opostos, porém não deixam de ser ofícios que de certa forma se ligam em algum ponto da convivência da execução de um trabalho ou do ponto de vista social, porque todo ser humano depende um do outro, bem como as profissões que cada um busca abraçar.

O engenheiro foi algo de muito importante em minha vida, que habitou o meu inconsciente coletivo, lá num passado não muito distante, se considerarmos o lapso temporal de limite insignificante de vida que cada ser humano tem. Por isso mesmo é que, a gente pode iniciar fazendo uma determinada atividade, almejar algo, não chegar a terminar, vir a completar outra coisa, porém pode perfeitamente voltar ao ponto de partida para perseguir o que deixou como um penduricalho na vida, lá atrás e vir a concluir.

Por essa razão, não propriamente nessa ordem, mas em face de um vazio que tomou conta de meu corpo e mente, foi que vim a despertar a essa altura do campeonato, para voltar a fazer engenharia novamente e isso, como já me fascinara outrora, está me fascinando no momento presente, o que não pode ser considerada nenhuma novidade para uma pessoa que além de ter uma forte ligação política e social, também sempre foi fissurada na área de ciências exatas, que na verdade não é assim tão racional quantos muitos imaginam, porque em primeiro lugar, seja qual profissão alguém vier a abraças com afinco, tem que ter consciência própria que antes de tudo é um ser humano.

Então ter iniciado a fazer o curso de engenharia na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, lá nos anos de 1978 e voltar a fazê-lo agora, quando o curso veio a ser implantado em Arcoverde, na AESA, não é nenhuma novidade para mim. Pode ser para muitas outras pessoas, que podem até não acreditar como é que um advogado militante há quase três décadas, vem a fazer engenharia civil a essa altura do campeonato?! — Assuntando a massaranduba do tempo, busco explicar em tom de brincadeira, que vou me graduar em engenharia civil para fazer o projeto de meu jazigo de morte. Será?

Pelo sim, pelo não, acredito que às vezes, em determinados momentos, fico a imaginar no meu subconsciente — por que estou fazendo engenharia nessa fase de vida? — Respondo a mim mesmo: preciso preencher uma lacuna de minha vida, que na verdade jamais virá a ser preenchida enquanto vida tiver, porém pelo menos, fazendo algo que deixei incompleto lá atrás, talvez venha a me complementar por algo que não vim a concluir neste navegar de meu barco de vida e poder terminar esse projeto de vida.

Compartilhar:

Manoel Modesto

Advogado, escritor, poeta e presidente da ABLA (Academia Buiquense de Letras e de Artes)

Conteúdo sugerido...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.