Nunca Fui Lambe-botas de Político
Desde tenra idade, quando passei a ter noção do que girava em torno de minha própria pessoa, que adquiri a devida conscientização para questionar o mundo e nunca buscar ser serviçal, subserviente ou pajem de recados de quem quer que fosse, apesar das adversidades vividas em toda a minha existência.
Aprendi também que a humanidade como um todo, claro, com algumas exceções, não é digna de confiança e por isso mesmo, a gente deve trilhar com uma certa independência os nossos próprios caminhos, mesmo que em muitos casos a gente venha a precisar de uma ajudazinha, de um empurrãozinho de outrem, não significando isso que seja necessário chegar a ponto de se humilhar para outra pessoa qualquer, por mais importante que se considere, para que possamos obter as nossas próprias conquistas fazendo uso de nossos próprios pés. Pode até ser difícil para alguns ou até mesmo impossível, mas pode se chegar aonde a gente quer dentro de nossas limitações.
Por isso mesmo é que, ainda que tendo nascido no Sítio Cigano, em Buíque, Pernambuco, ter sido um meninote jogado à minha própria sorte de coisas e ter girado mundo nas andanças que fiz por grande parte deste país, sempre busquei ter a minha liberdade de pensamento para agir e pensar. Quem sabe talvez por isso, não cheguei a me corromper, tampouco ao topo do enriquecimento, o que nunca foi a minha ambição, isso porque, nunca fui ganancioso a ponto de fazer uso de quaisquer meios para chegar, conquistar o que cheguei honradamente a um determinado ponto na vida. Muitos dos que nadam no enriquecimento, podem crer, não o foi por desforço de sua própria verve, por seus próprios meios. Algo misterioso pode ter acontecido nesse meio do caminho.
Posso me regozijar que jamais em toda a minha vida, cheguei a ser lambe-botas, bajulador, puxa-saco ou seja lá o que for, para agradar esse ou àquele político ou a qualquer pessoa num estamento social acima do meu, porque nunca cheguei a ver o mundo dessa forma, em estamentos sociais melhores uns dos que os outros, isso porque, no final de tudo, todo mundo vai ficar na horizontal e nessa posição ninguém poderá escapar.
Na cozinha de político algum, nunca fui de fazer hora para tomar café, almoçar ou jantar, para depois de barriga cheia, lavar pratos, varrer o chão, a sujeira política ajudar a colocar para debaixo do tapete, muito menos dos daqui mesmo de minha terra. Muito pelo contrário, eles é que vieram me procurar em minha própria casa, minha própria cozinha, tomar do meu café, tomar de minha cachaça ou se fartarem de meus tira-gostos, que nunca faltaram. Alguns deles chegaram até mesmo a se inebriarem em minha própria mesa, dormirem no meu chão, mas o contrário nunca ocorreu, porque nunca fui de correr atrás desse tipo de gente, a ponto de chegar a vir a me torna num “moleque de recados”, como acontece com muitas pessoas que não são dotados de princípios, de moral, de caráter ou de um mínimo de dignidade.
Digo isso e desafio a qualquer um, principalmente esses alcaguetes de políticos buiquenses, tupanatinguenses ou pedrenses, para dizer o contrário sobre a minha pessoa. Podem até me criticaram de outras coisas, menos de que cheguei a ser “lambe-botas” de alguns deles. Nem mesmo de um parente que foi prefeito de Buíque por três vezes, cheguei a ser bajulador ou de que cheguei a fazer hora em sua cozinha. Fui amigo e fiel a quem fidelidade e amizade, demonstraram ter para comigo, coisa difícil de se encontrar no mundo como um todo e, principalmente, no esteio político, porque dentro de cada um, com raras exceções, sempre percebi um comportamento de ave de rapina e de falsidade.
Digo mais, dos políticos da década de cinquenta aos dias atuais, sei da história de todos eles. Alguns tem até algo nobre a ser mostrado, porém uma maioria, não tem a menor dignidade de ter ocupado o mais alto cargo desta municipalidade, por desmerecimento e envergadura para ocupar essa posição político-administrativo, isso por que a grande maioria só buscou governar para os seus próprios umbigos, familiares, amigos mais próximos e contrários aos interesses da maioria do povo. Pena que o povo, na sua santa ignorância ou desconhecimento, nunca veio a perceber isso ou se percebeu, não ligou para absolutamente nada, emudeceu de vez e por isso mesmo, essa é a razão maior de nosso atraso histórico secular.
O pior de tudo isso, é que tem político se regozijando que foi eleito tantas ou quantas vezes e por isso mesmo é o melhor e o foi por merecimento. Ledo engano. Nada disso ocorreu. Basta analisar a história de cada um dos atores políticos, de cada campanha, de cada eleição e perceber como ocorreu cada processo eleitoral, se foi através de meios lícitos, ilícitos ou quaisquer que sejam os meios para se alcançar determinados fins políticos, porque nunca foram nada enobrecedores, embora tenham tido a chancela de outro poder que tem pecado ao longo do tempo pela lentidão e omissão em agir, a distorção dos fatos para fundamentá-los juridicamente, por isso mesmo dos julgamentos enviesados, dando um sustentáculo jurídico legalista de uma convicção inexistente e assim, firmando escopo de uma peseuda legalidade que nunca existiu.
É essa a pedra de toque da política buiquense, que certamente da mesma forma é o espelho da maioria absoluta dos 5.570 municípios brasileiros. Triste país onde o povo se deixa omissivamente enganar até como um pirulito, como um menino besta acuado numa determinada situação.
Esse meio político é povoado por putrefatos vermes da podridão mais execrável que se possa imaginar. É desse jeito que sempre vi e tenho a convicção inarredável de como acontece nesse meio de raposas à cata de suas presas seculares, que são as pessoas de cada lugar, que não se dão conta de forma alguma, a exemplo de Buíque, que não passam de massa de manobra instrumentalizadas para que gestores públicos lhes tirem a dignidade, a esperança, uma vida melhor. Enquanto eles enriquecem ilicitamente, os guetos de pobreza e miserabilidade só têm aumentado, enquanto todos os ocupantes desses cargos sempre saem com suas propriedades de todos os gêneros, ricos, e rindo à toa de arreganhar os lábios de canto a canto, da cara desse povo que pelo visto nunca vai sair da senzala em que sempre esteve prisioneiro ao longo da história colonialista deste país.