Ao Mestre Com Carinho (Homenagem ao Amigo Espíndola)
Lembro-me muito bem de você, caro e dileto amigo. Você foi àquela pessoa que certo dia, apareceu acompanhado de um de seus filhos, na minha casa em Pesqueira, onde então morava e lá, traçamos conjuntamente as linhas mestras da defesa de uns clientes, que haviam se envolvido numa pesada enrascada jurídico-penal e nós, discutimos sobre o melhor caminho do direito, a ser trilhado na defesa das pessoas acusadas por um crime de que, pelo que tudo indicava, eram inocentes, mas a denúncia, lembro bem, era extremamente contundente e firme por parte do Estado Acusatório na pessoa do Ministério Público.
Tivemos muito trabalho, mas por fim, logramos êxito em nosso intento jurídico e conseguimos liberar os nossos clientes que estavam conectados pelo mesmo fato delituoso.
Naquela época, há mais de vinte anos, apesar de conhecê-lo e admirá-lo por muito mais tempo, sempre tinha ouvido falar de você como um profissional qualificado no ramo do direito e quantos tentaram e não conseguiram chegar sequer no solado de seus pés, hein! – Por isso mesmo, sei bem que você, camarada, não por ter feito essa viagem para sempre, sempre foi uma pessoa honrada nos tempos que em vida tanto lutou honrada e corretamente na defesa de seus constituintes. Era um grande conhecedor da lei e cumpridor de seus deveres no mister profissional. Defeitos à parte, mas nada que possa vir a desqualificá-lo no ramo que abraçou até o derradeiro dormitar, caminho reservado para todos nós.
Sei que sem recado, um apertar de mãos, um abraço, partistes há alguns dias para nunca mais voltar. Não dei meu adeus, mas esperava que esse derradeiro momento chegaria, mas não assim sem pelo menos ter mantido um contato com você, como era de costume quando nos encontrávamos, seja lá em qualquer lugar que fosse. Reconhecidamente fostes grande tribuna nas pelejas que enfrentastes na arena representada na simbologia da Deusa Themis. Dotado de um vozeirão característico dos bons oradores, tua verve ecoava na defesa de teus constituintes no recinto do julgamento de um constituinte no Tribunal do Júri, que é a realização maior de todo e qualquer advogado. Diz o dito popular, que “o advogado só vem a se firmar de verdade”, quando a sua voz vem a ecoar esvoaçando na defesa do direito de uma pessoa, estraçalhando as vidraças da injustiça com as ondas do som do direito, sobretudo quando vem a dar a liberdade a um constituinte julgado inocente.
Pois bem, esse mestre do direito, meu camarada de fé que se foi para nunca mais voltar, é Joaquim Gonçalves Espíndola, por quem sempre tive uma profunda amizade e consideração e estava devendo uma fala depois de, por tantos anos tê-lo como um amigo e bom profissional do direito, ainda nada ter dito, mas eis que vim a fazê-lo. E quantos não foram os amigos que já se perdeu?
Então camarada de longas datas, só me resta mesmo, nestas linhas mal alinhavadas, dar meu último adeus, e que ao olhar para o Céu brilhoso estelar, vê-lo sempre alegre e otimista, brilhando num pontinho qualquer do firmamento, como se estivesse replicando na defesa de quem padece por justiça nesta vida, especialmente em nosso país! – O faço com todo o meu apreço, “ao mestre com carinho!”