Angústia, a Tormenta Que Nunca Acaba

O Sofrimento e a dor de uma pessoa angustiada na vida

Vive-se num mundo de atormentados, aflitos, ansiosos, tristonhos, decepcionados, estressados, depressivos e tudo isto colocado num único lugar, se dá o nome da sensação que se tem de angústia.

            Creia-me, não existe nesta vida coisa pior do que o sentimento angustiante de alguém que está passando por isso. Às vezes fica-se quase que praticamente sem suportar as tantas dores aflitivas que chegam a atingir o cerne da alma, do coração de determinadas pessoas, sobretudo, àquelas que aprenderam a ver o mundo de outra forma de visão, que não cabem tantos desacertos na vida. Na verdade, o ser e o estar são sempre incongruentes para os angustiados de todos os matizes.

            É muita dureza ter que se passar por intermitentes períodos angustiantes em nossas vidas. Na vida de cada um de nós, desde o nascer sem nada saber, a partir do momento que se passa a ter percepção de tudo à sua volta e entender do mundo, aí sim, é que com mais intensidade que a angústia passa a se incrustar no eu ontológico de cada um de nós e já não sabemos de praticamente como as coisas devem ser feitas, quais decisões na vida podem e como devem ser tomadas e aí, na verdade o humano de cada um, está praticamente perdido num mundo em que não existe ajuda que possa acudir alguém em situação idêntica. A incompreensão e insanidade podem ser fatores dominantes na alma do angustiado.

            Estudiosos da psicanálise, da psicologia, da neurociência, tem elaborado importantes estudos sobre o assunto, mas não são capazes de chegar a uma forma de pelo menos amenizar tanta dor e sofrimento que podem ser causados pela angústia. Não é nada fácil viver na vida ou levar um viver por todo um tempo, tão-somente de angústias e nada tendo a ser feito.

            Escritores também, tem nas suas próprias angústias, assuntos recorrentes para escrever sobre suas próprias experiências neste dantesco mundo da angústia. Um deles, magistralmente, usou o tema angústia, para escrever a sua terceira obra, que foi o escritor alagoano, Graciliano Ramos. Nesse livro ele traça com propriedade as suas próprias angústias por ele vividas no decurso de sua vida, que foi escrito entre 1935/1936 e ele estava na casa de seus 43 anos de idade. É um livro em que ele demonstra o sofrimento da dor, da aflição, da ansiedade, todos esses sentimentos intrínsecos da vida da gente, que não há como acabar de vez com eles, mas pelo visto, em sua trajetória de vida, esse que é considerado um dos maiores escritores da língua portuguesa, morreu na década de 50 e não deixou de conviver com as suas intermitentes angústias, que marcaram sua vida e o conjunto de sua obra literária.

            Não é nada fácil a angústia de a gente não poder mudar muitas coisas tanto na vida da gente, quanto naquilo que buscamos reprovar e acreditar que é errado na vida de outrem. Quando nada podemos fazer, aí sim, é que essa tormenta angustiante, se torna mais intensa, podendo nos levar até mesmo a um final trágico na vida de cada um de nós, isso porque, não aprendemos em pleno mundo modernista, a lidar com esse atroz sentimento de angústia.

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Manoel Modesto

Advogado, escritor, poeta e presidente da ABLA (Academia Buiquense de Letras e de Artes)

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